Li um artigo e gostaria de compartilhar com vocês, texto da salsera e jornalista Ana Paula Chinelli, em artigo para o site Salseiros Inc. Ela reside em São Paulo e é conhecida do público da salsa em geral, sempre nos congressos e festas. Agradeço a jornalista Ana Paula Chinelli e ao Nilson Machado (fundador do site Salseiros Inc), por gentilmente deixar colocar no site este artigo, gostei muito do artigo, pois é uma situação social dentro da dança e que poucos tem coragem de falar abertamente. Aproveitem, independente se é salsa ou forró lembre-se dança de salão é par. Segue o artigo!
Meu Drama Como Dama?A Dança e o Coração
Todo mundo sabe que o meio da salsa não é o mais indicado para quem quer ter um relacionamento estável.
Vamos ser sinceras: dançar juntos é bom e, quando é gostoso demais, dá vontade de beijar – mesmo pra pessoas comprometidas. Em mais uma edição do Meu Drama Como Dama, olhei para mim e conversei com amigas para entender por que é tão fácil beijar (que bom!) e tão difícil namorar no meio da dança.
OS BEIJOS - OS BONS DE DANÇA
Uma mulher acaba de entrar para o meio da dança de salão. Ela começa a fazer aula, vai a bailes e logo logo dança com um professor. “Como é bom dançar com ele! Eu nem sabia que eu podia fazer tantos passos! Que delícia! Nossa, ele é realmente uma pessoa muito interessante…” Pronto, já começou: ela está apaixonada por um dançarino. Vamos admitir, rapazes: quando vocês dançam com uma iniciante, vocês a têm em suas mãos, literalmente. Vocês sabem que podem dar um prazer tremendo, é só caprichar na atenção, respeitar a falta de habilidade dela e investir naquele jeito gostoso de dançar. Ela fica caidinha, é certeza. Daí vocês beijam. Algum problema? Nenhum! Beijar é muito bom! Então por que algumas mulheres reclamam, criam expectativas e se dizem enganadas? Porque ficar no mundo lá fora não é igual a ficar no mundo da dança.
Vamos chamar o “lá fora” de mundo real. No mundo real, as pessoas também se apaixonam por professores, chefes e por figuras de autoridade em geral. A diferença é que o código de ética dessas autoridades proíbe ficar com aluna ou subordinada. Isso tem até um nome: assédio sexual. Claro que acontece, apesar da proibição, só que é mais difícil, mais etapas precisam ser vencidas ou conversadas para atingir o objetivo. O código de ética da dança é bem diferente, ou talvez ignorado, como a gente sabe. E a aproximação é muito rápida: conheceu – dançou – ficou. Essa falta de tempo para esclarecer o tipo de envolvimento aumenta o risco de rolarem mal-entendidos. Daí algumas meninas se sentem enganadas.
O SEGREDO ETERNO
Outro comportamento diferente do mundo da dança: tudo é muito disfarçado. Quando foi a última vez que você viu duas pessoas que não são namorados se beijando na pista, ou mesmo na balada? As pessoas paqueram, mas tudo acontece lá fora, no maior sigilo. Pra que esconder tanto? Ok, não somos ingênuas. Muitos têm namorada e pegaria mal uma traição pública. Mas até os solteiros escondem… Vou arriscar dizer o porquê. É fato que, se você escrever o nome de todo mundo da dança num papel e brincar de “ligue os pontos” para juntar quem ficou com quem, o resultado é um grande emaranhado. Ou seja, no fundo, no fundo, todo mundo já beijou todo mundo. E é constrangedor perceber que aquele cara que você beijou na semana passada agora está com outra e já arrumou uma terceira para o fim da semana. Então melhor que ele seja discreto, certo?
Agora o que me intriga de verdade é que todo esse disfarce é jogado fora minutos depois da ficada. Afinal, quem nunca ouviu os comentários de “peguei ela” ou “peguei ele” nas rodinhas de amigos? Por isso, se você quer sigilo absoluto, fique em casa e abrace sua almofada de coração, porque se você beijar inevitavelmente alguém vai ficar sabendo.
Sinceramente, eu só tinha visto uma troca de casais tão intensa em dois outros meios fora da dança: na sociedade francesa do começo do século passado e em grupos de adolescentes. O que me leva a concluir que ou falta maturidade entre os dançarinos; ou sobra libertinagem. Nenhum preconceito com nenhuma das duas hipóteses.
Bom, a primeira questão da abertura desse artigo está respondida: é tão fácil beijar porque 1) é muito fácil seduzir com a dança, 2) existe sempre a promessa de ninguém ficar sabendo, 3) e tem sempre alguém disposto a beijar. Então aproveitem!
O NAMORO - CIÚMES
Se sua expectativa é um relacionamento sério, agora entramos na segunda parte do problema: por que é tão difícil namorar. Uma parte da resposta é óbvia: poucos seres humanos sadios não sentem ciúmes vendo seu namorado (ou sua namorada) dançando zouk “daquele jeito” com outra pessoa… Dançar dá prazer, sim, e é difícil aceitar que seu namorado tenha prazer com outro. Um bom papo também dá prazer, mas é completamente diferente. O prazer da dança está, para algumas pessoas, diretamente ligado ao prazer sexual. Por isso incomoda tanto.
Digamos que o casal consiga superar as crises de ciúmes, ou criar códigos próprios do tipo “você não pode dançar com aquele, eu não danço com aquela”. Ainda assim, sempre surgem mulheres e homens cada vez mais novos, mais gostosos, mais bonitos e mais interessantes para atrapalhar uma situação que parecia resolvida. E o pior: assim como muitos comprometidos não têm o menor problema em ficar com outras pessoas, muitos solteiros não têm nenhum pudor em paquerar os comprometidos – inclusive, os namorados dos amigos. Sem julgamentos morais, mas acontecem histórias que divertiriam Nelson Rodrigues. E assusta quem vive no mundo real e está na dança só de visita.
Mas não é apenas o ciúmes que destrói o namoro nesse meio. Há também a diferença de propósitos. Se você é uma aluna, pense duas vezes (não, melhor pensar 10 vezes) antes de namorar um dançarino. Ele trabalha à noite, você talvez trabalhe de dia. Ele provavelmente respira a dança – enquanto você pode querer fazer outras coisas também no seu tempo de lazer, como ir ao cinema, jantar na casa de amigos, tomar um chopp descompromissado no fim de semana ou viajar. Ele dança bem e é assediado por todas, enquanto você se esforça para não parecer feia na pista e agradece quando ele tem paciência de dançar duas seguidas com você. Se ainda não ficou desanimada, vem aí a pior parte: por exigência da profissão, eles têm uma ou mais parceiras de dança. E muitos já confessaram que, quanto maior a química, melhor a dança juntos. Química sempre intriga: se é tão bom na pista, por que não seria na cama? Pelo que se vê nas parcerias por aqui, a maioria mata essa curiosidade. Então a questão é se serão amantes, se vai ser um caso rápido ou se vai virar um namoro (e aí você dança mesmo)…Ok, estou sendo cruel, afinal existem honrosas exceções. Então, se você quer fidelidade, tenha certeza de que você está com uma exceção.
UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL
Ok, chega de ser pessimista. Sim, é difícil namorar no meio da dança, mas não é impossível. Primeiro, você sempre tem a opção de topar um relacionamento aberto, daí a maioria dos problemas acabaram (desde que isso não te dê uma úlcera ou acabe com a sua saúde mental, claro!). Segundo, sempre existem os casais “namorados-porque-parceiros”: dá tanto trabalho construir uma nova parceria de sucesso que muitos pensam duas vezes antes de terminar o namoro, porque isso pode implicar não trabalhar mais juntos. E não é fácil encontrar um par tão bom, com os mesmos objetivos, que queira dançar o mesmo ritmo, que combine fisicamente… Então alguns optam por manter o namoro, nem que isso signifique que “você vai ter uns casos, eu vou ter outros”, os dois vão ter chiliques de vez em quando, mas a parceria vai ficar de pé.
Por fim, existem sim alguns casais que se formaram na dança e sobrevivem um período longo juntos. Olhando para esses casos, dá para sacar uma atitude que pode ser vencedora: os dois em algum momento respiram fora do meio e mantêm amigos em outras áreas. Afinal, se você só viver no mundo da dança, quem arrasa na pista passa a ser rei e um sonho de consumo. Enquanto que, se você tiver um pé lá fora, talvez repare que esse dançarino sensacional é apenas um plebeu no “mundo real”.
Abraços e COMENTEM !!!
Ana Paula Chinelli
anachinelli@gmail.com
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