Alguém, algum dia já deve ter passado por uma situação constrangedora de estar em uma festa e de repente alguém lhe chamar para dançar, ate ai “tudo bem”, o problema é durante a dança, o que fazer? Normalmente um pisa no pé do outro, começa uma gargalhada sem graça de ambos e mesmo antes de acabar a musica se distanciam e simplesmente desistem. Que horror, nunca mais! Bem provável que isso vire um “trauma”, dificilmente aceitará um convite novamente.
Dizem que traumas passam enfrentando-os, então porque não enfrentá-los?!
Eis ai a questão, como iniciar algo desconhecido e aparentemente só realizado por profissionais? Esta e outras perguntas devem assombrar a quem nunca dançou, ou já tentou e passou por uma situação parecida com esta, ou até mesmo pra quem ama a música, a dança mas acha que jamais conseguiria dançar. Não acho realmente que seja num passe de mágica que se aprende, mas acredito de verdade ser mais fácil do que parece. É claro, isso vai depender muito da disposição e interesse da pessoa que procurar aulas para aprender dança de salão.
Penso que como eu passei por isso, algumas pessoas que assistem a vídeos de dança, campeonatos, dança de celebridades, bailes e etc., imaginem como conseguem decorar tantos passos, contagens, flexibilidades e equilíbrios. Pois é queridos leitores, na verdade este lance de coreografia não é o inicio do aprendizado da dança de salão, (Lembrando que coreografias são necessárias para campeonatos, e outros tipos de dança) a grande sacada da dança de salão está em aprender a dançar com o próximo. Como assim? Podem pensar. A dança de salão é sintonia e conexão total!
Costumamos dizer brincando, porem uma realidade, que trata-se de um momento em que o casal deve estar um para o outro por completo, não devem pensar em nada a não ser na dança.
Os passos não são decorados, existe uma condução do homem para a execução dos movimentos por trás de tudo isso. Estes passos são ensinados, por exemplo, ao cavalheiro em como conduzir a dama e conseqüentemente a dama é ensinada a sentir e entender a condução que o cavalheiro ira sugerir-lhe.
Deve parecer muito complexo tudo isso, mas não é nada do outro mundo, nada alem de movimentos naturais de nosso próprio corpo.
Tudo começa, por exemplo, em descobrir os movimentos de seu próprio corpo, sentindo e o definindo para inicio de uma passo básico de um determinado ritmo.
Nos ritmos existem passos básicos. A partir do aprendizado e entendimento do passo básico é possível criar variações, a partir dessas variações é possível dançar uma musica inteira.
A dança de salão é muito mais do que querer aprender muitos passos ou ter a vontade de chegar a perfeição.
A dança de salão, ao meu ver e pelo que aprendi, é uma troca de experiência com o próximo, onde dentro desta maravilhosa experiência aprendemos a ter mais paciência, conhecimento corporal, desenvolvimento dos sentidos que possuímos (tato, audição e visão), controle de ansiedade, respeito ao próximo, perda ou melhora significativa da timidez.
Mas, um dos papeis mais bonitos que a dança de salão vem trazendo atualmente é o resgate do cavalheirismo, do trabalho em parceria na dança.
Pessoas saem para dançar nos dias de hoje, mas observem, sempre dançam sozinhas.
Mulheres nos dias de hoje, vivem independentes mesmo sendo casadas, as vezes nem ao mesmo suportam o fato de serem orientadas pelos seus respectivos maridos, e estes, sem ao menos perceberem, ao longo dos anos, vão deixando de ser um “cavalheiro”, literalmente desaprendem.
Sabem o que significa Cavalheiro? Significa homem de sentimentos e ações nobres, de boa sociedade e educação. Acha pouco provável encontrar um destes? Rs...
Aqui vai uma boa noticia! Homens e Mulheres que fazem por completo Dança de Salão conseguem aos poucos resgatar esta qualidade que foi perdida, tanto do homem quanto da mulher.
Tenho certeza que muitas mulheres que vivem sua independência total sentem falta as vezes de serem conduzidas em suas vidas. De ao menos algumas vezes, o seu parceiro lhe sugerir-lhe algo com toda delicadeza e esta aceitar-lhe. E o homem por sua vez, também sente a falta de poder cuidar de sua companheira, de sentir que ela confia nele o suficiente para poder orientá-la.
Isso tudo leitores podem achar uma tremenda nostalgia, mas por incrível que pareça, durante uma dança a dois o casal consegue experimentar essa experiência fantástica de contato, confiança e muito companheirismo. Trata-se de uma entrega, de um para o outro.
Se tiverem oportunidade, por favor, dancem muito!
Renata Souza